
Quadrilha Campinense no Arraiá
A quadrilha Campinense no Arraiá surgiu a partir de um grupo de jovens chamado Junac, que se reuniam na comunidade Nossa Senhora de Nazaré, bairro da Campina. A data de sua fundação é 29 de maio de 1994, quando o grupo se reuniu pela primeira vez no barracão de São Miguel, localizado na avenida Duque de Caxias, no mesmo bairro, e decidiu dançar nas festividades de São João Batista, padroeiro da cidade. Nesta reunião eles escolheram o nome “Campinense” em homenagem ao bairro da Campina. Os primeiros ensaios se deram neste mesmo barracão de São Miguel, em frente à residência de dona Preta Viana. Inicialmente, a Campinense contava com 14 pares.
Localização do bairro da Campina, Faro (PA).

Fonte: Google Maps
O fundador da quadrilha, Sivaldo Batalha dos Anjos, que herdou o apelido do pai “Macati”, como é mais conhecido, liderou o grupo desde sua fundação até o ano de 2016. Ele tinha 16 anos quando se tornou marcador da quadrilha. Em sua visão, marcar com apito foi uma inovação, pois, até então, as quadrilhas das escolas que se apresentavam utilizavam narração no microfone, ou seja, cada passo coreográfico que a quadrilha deveria fazer era comandado pela voz. “Anarriê”, “Balancê”, “Olha a Chuva”, “A Grande Roda” eram, ou falados ao microfone, ou mesmo em voz. Ao fundar a Campinense, decidiu que os comandos não seriam pela oralidade, mas pela marcação do apito, uma maneira de marcar que aprendera em Manaus, quando dançou na quadrilha “Docinhos da 25”, da escola onde estudava.
Em 1996 a Campinense teve sua primeira disputa, realizada na praça de São João Batista. A equipe, formada por Silvaldo (marcador), Cleinha, Assunção (ornamentação), Olizete (ornamentação), Diva (a primeira costureira) e Iva (costureira atual) foram falar com o então pároco da cidade, o padre Dico, e pediram que realizassem uma competição de quadrilhas. Desta competição participaram as quadrilhas Sangue-Suga na Roça, a Vitor Vitoria e a quadrilha do Porto de Cima. A premiação era fardo de refrigerantes ou grade de cerveja. Os jurados foram o professor Inácio Costa, a professora Arlenilda Cunha (dona Nilca) e a saudosa Maria Ordêmia.
Os vestidos femininos eram feitos de chita (tecido com estampas de cores fortes, florido e de baixíssimo custo), comprava-se pedaços à retalho e emendava-se uns nos outros. Os cabelos eram trançados ou presos, nunca soltos. Comumente, as camisas e calças masculinas eram dos próprios brincantes, enfeitadas com bandeirinhas à retalho. Utilizavam chapéus de palha ornamentado do mesmo jeito, tanto homens como mulheres e crianças. Os sapatos masculinos, em algumas ou outras apresentações, carregavam “pinchas” (tampas de garrafas de cerveja e refrigerante) que juntos, ao andar ou pisar forte no momento dos passos, pudessem reproduzir sons de chocalho.
Era comum, para a apresentação na praça, reunirem-se na frente da casa, ou do marcador ou algum integrante da quadrilha para se ornamentarem: as moças com as maquiagens; os rapazes com os últimos repasses de coreografia. Uma vez todos preparados, caminhavam – e às vezes até marchavam – atravessando a cidade, até a praça de São João Batista, prática disseminada entre as demais quadrilhas e permanentes na atualidade, seja para a apresentação na praça ou no ginásio. Os moradores do bairro da Campina que não iam ao arraial, pelo anúncio dos passos de chocalho, já sabiam: “a Campinense vai se apresentar hoje”.
O primeiro Apresentador da quadrilha foi Hermínio Sales, que fez sua participação na praça de São João. A presença de um Apresentador para narrar a história de criação da quadrilha, até aquele momento, fora uma inovação no festival junino. Desde então, a figura do Apresentador se tornou importante para os anos seguintes de festivais, dando à Campinense o status de pioneira na introdução deste personagem, item obrigatório do atual festival folclórico.
O primeiro símbolo da quadrilha foi uma beija-flor, escolhida porque pequena, voa longe e desfruta de aromas e sabores de flores diversas. Mudou para a águia, por apresentar mais fortaleza, ela enxerga longe e nunca desiste, é uma verdadeira guerreira.
Suas cores, o verde – que representa a Amazônia e traz esperança – ; e o Rosa – para lembrar o amor – se destacam por seu contraste. É campeã do primeiro ano de festival, 2006, tendo destaque por sua criatividade desde os anos anteriores de apresentação e competição na praça do padroeiro, além de ser protagonista na mobilização coletiva, em 2006, para instituir o festival municipal como valorização das quadrilhas juninas/folclóricas.

Referências:
ANJOS, Sivaldo Batalha dos. Entrevista concedida para este projeto em 26/04/2021.
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